Aqui estou eu em um deleite de leitura e guardando citações.
Meus deleites, estes que eu não quero que tenham fim. 🙂
“Apesar de ocupada com escrever desde que me conheço, infelizmente faltou-me também encarar a literatura de fora para dentro, isto é, como uma abstração. Literatura para mim é o modo como os outros chamam o que nós fazemos. E pensar agora em termos de literatura está sendo para mim uma experiência nova, não sei ainda se proveitosa. De início pareceu-me desagradável: seria, por assim dizer, como uma pessoa referir-se a si própria como sendo Antônio ou Maria. Depois a experiência revelou-se menos má: chamar-se a si mesmo pelo nome que os outros nos dão, soa como uma convocação de alistamento. Do momento em que eu mesma me chamei, senti-me com algum encanto inesperadamente alistada. Alistada, sim, mas bastante confusa.”
Between seas and about all things 
Oi,
Estou lendo agora esta crônica. Você podia me ajudar, não entendi o seguente: “como uma pessoa referir-se a si própria como sendo Antônio ou Maria.” Quem são eles, Antônio e Maria?
Oi! 🙂 Olha, eu penso que ” Antônio ou Maria” são apenas dois nomes aleatórios e comuns que ela quis citar para dizer que ela não se sente a vontade participando do mundo da literatura, para dizer que não era ela, se sentia uma estranha. Encarar os próprios escritos como “Literatura” era estar aberta a ser qualquer outra pessoa. Antônio, Maria, José menos ela mesma. Ainda penso que poderá haver outras explicações porque ela escreveu “Antônio ou Maria” pois a Clarisse tinha a arte de nos colocar para pensar muito além das entrelinhas de nós mesmos e nunca saber o que na verdade ela estava pensando. Tenha uma ótima semana querida. Obrigada por escrever. beijos
É, Clarice é um desafio para quem tenta traduzi-la. 🙂 Obrigada pela resposta! beijos